Anti Sócrates

quarta-feira, abril 19, 2006

República


A propósito da falta de quórum da Assembleia da República nas votações da quarta feira antes da Páscoa, Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD disse "Deviam ter fechado a Assembleia". Quando li o título pensei que ele quisesse dizer que o povo devia ter fechado a Assembleia em sinal de protesto. Ou que o tempo do verbo estava mal e ele queria dizer "Devíamos fechar a Assembleia".

Desiludi-me. Ele não quis dizer nada daquilo. E ainda disse pior. Lembrou que «os parlamentos de todo o mundo fecharam na Semana» e, em Portugal, em anos anteriores, a AR sempre interrompeu os trabalhos durante esse período, e frisou a antecipação em um dia das votações.
«E depois ficamos admirados quando temos este resultado dos deputados não estarem lá. Fizemos tudo para que isso acontecesse», disse.
Para Guilherme Silva, os deputados não tomaram a decisão de fechar o Parlamento porque não quiseram ser rotulados como «malandros».

Não foram malandros, foram malandrecos. Assinaram o livro de presenças e depois baldaram-se.

http://tsf.sapo.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF169983

Eu, pessoalmente, não sou contra fechar a Assembleia. Mas fechar mesmo. Afinal, a maioria das leis já estão feitas. Outras, o Governo pode bem fazê-las. Depois, o que se discute na Assembleia nada tem nada a ver com o país real. O país debate-se com a extinção de comarcas e os deputados falam de casamentos de homossexuais; o país preocupa-se com o encerramento dos SAP e eles discutem a procriação medicamente assistida; o país pasma com o encerramento das maternidades e eles discutem a interrução voluntária da gravidez. Por isso, fechem. Durante um ano. Mandem, melhor, peçam aos senhores deputados para visitarem escolas, fábricas, estaleiros, associações, autarquias, mercearias, lares, centros de dia, universidades, etc.. Para andarem de metro, autocarro, comboio ou à boleia. Depois voltem a abrir. Se quiserem, claro. Vão ver que a conversa muda. Pelo menos a deles.